A pesquisa Regiões de sombra e silêncio no setor audiovisual brasileiro toma como direção um campo da Comunicação pouco explorado: as formas de acesso ou a ausência de infraestrutura de acesso a meios audiovisuais, internet e telefonia por parte da população que habitam espaços distantes dos grandes centros ou em cidades pequenas.
As diferenças socioeconômicas e as localizações geográficas são empecilhos para que parcela da população brasileira não tenha acesso – ou usufrua de maneira limitada dos recursos de infraestrutura de redes. A falta de infraestrutura faz com que determinadas localidades não estejam incluídas na sociedade em rede e, nesse sentido, podemos pontuar que a tecnologia também é capaz de marginalizar os cidadãos que não têm acesso aos recursos que contribuem para o crescente fluxo de informação e comunicação.
Na dinâmica da sociedade em rede, a estrutura midiática e as TICs podem favorecer os fluxos comunicacionais entre indivíduos; colaborar para a mobilização de pessoas e ampliar sua capacidade de autogestão em processos de desenvolvimento; estimular a participação e a ação de indivíduos nas instâncias de representação política, como conselhos municipais e redes sociais; oferecer oportunidade para que projetos de desenvolvimento sejam resultado das aspirações das pessoas envolvidas; e, sobretudo, podem mobilizar e garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e social das ações do desenvolvimento (Castells, 1999).
Além da implementação de infraestrutura e da promoção do acesso às TICs (alcance), é importante a alfabetização para o uso (ensino e estímulo) de modo que possibilite a criação de condições para o uso efetivo dessas tecnologias em atividades que gerem benefícios nas várias dimensões socioeconômicas. Ou seja, trata-se também do investimento em capital humano via subsídios de conectividade dirigidos a domicílios de baixa renda e em regiões distantes.
O estudo das condições de infraestrutura para o audiovisual e as telecomunicações no interior do Brasil agrega valor aos estudos localizados sobre a existência ou inexistência de acesso aos recursos. Entende que os habitantes dos centros urbanos usam a capacidade de conexão do celular para quase todos os tipos de ações que envolvem o acesso à informação e que os habitantes das zonas rurais, áreas de fronteiras e zonas de florestas têm a vida afetada pela ausência de infraestrutura que resulta em acesso irregular aos meios de comunicação – lugares onde não chegam sinais de rádio ou TV, nem há sinal de telefonia celular ou instalações de telefonia fixa.
A academia ainda não tem dimensão do tamanho desse espaço de silêncio e de isolamento e pouco sabe sobre as estratégias de comunicações dos moradores dessas regiões. Para melhor compreender tal circunstância, a pesquisa examina e avaliar contextos econômicos, tecnológicos e de políticas de comunicação em que ocorre a expansão local e regional da indústria de mídia e de telecomunicações.
Referências bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A Era da informação: economia, sociedade e cultura – Fim do milênio v.3. São Paulo: Paz e Terra, 1999.