O contexto
O sistema brasileiro de mídia é comercial.
Segundo o Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP), entre janeiro e junho de 2018, as 78 agências de publicidade que integram o Conselho faturaram R$ 7,7 bilhões distribuídos nos seguintes meios: televisão aberta (61,8%), internet (14,4%), mídia exterior (7,6%), TV por assinatura (7,5%), rádio (4,2%), jornal (2,7%), revista (1,7%) e cinema (0,3%). Em 2017, a indústria da mídia havia movimentado R$ 134 bilhões em investimento publicitário (Mídia Dados, 2018), um avanço em relação a 2016, quando o investimento de publicidade em mídia foi de R$ 130 bilhões (Kantar IBOPE Media, 2017).
O negócio de mídia e de telecomunicações no Brasil, majoritariamente privado, segue formado por pouco mais de 5.000 jornais – 784 dos quais diários (ANJ, 2016). Em 2017, a crise econômica afetou a indústria de jornais em duas das suas principais fontes de receitas, circulação e publicitária, e “diversos jornais deixaram de circular definitivamente, reduziram o número de edições, alteraram o formato (em geral de standard para berliner) diminuíram a média de páginas por edição e se viram obrigados a promover severos ajustes em suas estruturas de custo” (ANJ, 2017). O mercado de TV aberta reúne 368 emissoras geradoras de programação e 1.436 geradoras e retransmissoras (Mídia Dados 2018). Das 9.774 emissoras de rádio, 3.093 são emissoras FM, 1.777 operam em AM e 259 transmitem em ondas curtas ou ondas tropicais, enquanto 4.461 são rádios comunitárias (Anatel, 2017; Mídia Dados 2018). Os serviços de TV por assinatura iniciaram na segunda década de 2000 um período de retração, recuando de 19,6 milhões de assinantes em 2014 para 17,6 milhões de acessos em dezembro de 2018 (Anatel, 2019). Em janeiro de 2018, seis portais de notícias estavam entre os mais acessados em banda larga móvel: Globo Notícias (62,1% ou 54 milhões de visitantes únicos), UOL Notícias (31,5% ou 27.5 milhões de visitantes únicos), Folha de S. Paulo (20,3% ou 17.7 milhões de visitantes únicos), Abril Notícias-Veja (19,1% ou 16.7 milhões de visitantes únicos), Grupo Estado (12,6% ou 11 milhões de visitantes únicos) e IG Notícias (12,2% ou 10.6% de visitantes únicos) (Mídia Dados 2018).
O setor de livros apresentou em 2017 queda nominal de 1,57% em relação ao ano anterior. Foram produzidos 393 milhões de exemplares, com faturamento global de R$ 5,167 bilhões (FIPE-USP/SNEL, 2018). Na área de cinema, grupos estrangeiros prevalecem no setor de distribuição de filmes. Em 2018, a a receita geral de exibição de filmes foi de R$ 2,435 bilhões, enquanto a renda bruta dos filmes brasileiros foi de R$ 282,7 milhões (ANCINE/OCA, 2019). No setor de telefonia também predominam os conglomerados internacionais, que em dezembro de 2018 operavam em um mercado com 229 milhões de linhas móveis pessoais com acesso à infraestrutura pública e comercial de banda larga (Anatel, 2019) e 37,5 milhões de linhas fixas (Anatel, 2019).
A democratização do sistema de produção e a circulação da informação via internet agrega a esse quadro websites independentes de jornalismo (https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/), blogs e um número crescente de títulos e de audiência on-line.
O projeto
O website reúne informações coletadas e analisadas na investigação empírica Estudo de Propriedade e Concentração de Mídia no Brasil, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro desde 2009. A pesquisa está completando a sua terceira fase (2015-2018) e analisa as configurações de propriedade dos grupos de mídia e de telecomunicações no Brasil, o fluxo das fusões, aquisições e de investimento do capital estrangeiro e as políticas para o setor. A base de dados para a análise empírica está ancorada na coleta do faturamento anual das empresas, em índices de audiência, média de circulação e no número de acessos em banda larga. São consideradas dez indústrias de mídia e de telecomunicações: telefonia com fio, telefonia sem fio, cinema (distribuição), portais de notícias, TV aberta, TV por assinatura, rádio, jornais, revistas e editoras de livros.
Produções
A pesquisa dá continuidade ao trabalho de campo para diagnóstico setorial iniciado como parte do projeto colaborativo International Media Concentration Research Project, do Columbia Institute for Tele-Information (CITI) na Universidade de Columbia em Nova York (2009-2013). O livro com resultados do estudo comparado internacional, organizado por Eli M. Noam, foi lançado em 2016 pela Oxford University Press – Who Owns the World Media? Media Concentration and Ownership around the World.
Resultados do trabalho foram publicados em português como capítulo do livro Estratégias, Economia e Administração de Empresas de Mídia e Criativas, organizado por Paulo Faustino e Sonia Virgínia Moreira (Editora Media XXI, Lisboa, 2015). O diálogo com pesquisadores e profissionais da área está reunido no eBook Indústria da Comunicação no Brasil – dinâmicas da academia e do mercado (UERJ/INTERCOM, 2015).
Equipe
Sonia Virgínia Moreira - Coordenadora, FCS-UERJ, bolsista Prociência FAPERJ
Paulo Renato Nepomuceno Pereira – Bolsista Iniciação Científica CNPq
Renato Gomes Chaves – Programador
Guilherme Alves da Silva – Colaborador
Marlen Couto – Colaborador
Marcello de Souza Freitas – Colaborador
Gabriela Pinheiro Bittencourt – Colaborador
Agências de Fomento
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq