Apresentação
Este website integra o Grupo de Pesquisa Geografias da Comunicação do CNPq, do qual participam pesquisadores de diferentes instituições brasileiras e alunos do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UERJ com pesquisas que tratam dos campos da Comunicação e da Geografia. Contém dados de dois projetos de pesquisa empírica desenvolvidos no PPGCOM: Estudo de Propriedade e Concentração de Mídia no Brasil e Regiões de Sombra e de Silêncio no Audiovisual e nas Telecomunicações.
A pesquisa sobre propriedade de mídia dá continuidade ao diagnóstico setorial iniciado como parte do projeto colaborativo International Media Concentration Research Project, do Columbia Institute for Tele-Information (CITI) na Universidade de Columbia em Nova York (2009-2015).
A pesquisa sobre as regiões de sombra e de silêncio nas telecomunicações (2018-atual) tem por objetivo identificar e mapear o que se entende como áreas de sombra e de silêncio no setor brasileiro das comunicações, espaços onde o acesso à informação e à comunicação é dificultado pela ausência de sinal de rádio e de televisão ou de rede de telefonia. Estima que existam lugares onde não chegam transmissões de rádio e de TV, nem há sinal de telefonia celular ou fixa. A intenção do projeto é ajudar a construir pontes entre o Brasil urbano, o Brasil rural e o Brasil das florestas e cooperar para o fortalecimento de políticas públicas para o audiovisual e as telecomunicações.
A indústria de mídia
Segundo o Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP), no primeiro semestre de 2022 as 309 agências de publicidade que fazem parte do Conselho registraram um faturamento total de R$ 8,292 bilhões em compra de mídia distribuídos nos seguintes meios: televisão aberta (46,1%), internet (31%), mídia exterior (10,7%), TV por assinatura (6,3%), rádio (3,8%), jornal (1,6%), revista (0,4%) e cinema (0,3%). Em 2020, com os números afetados pela pandemia, a indústria da mídia movimentou R$ 144.8 bilhões em investimento publicitário (Mídia Dados, 2021), uma queda em relação ao período pré-pandemia em 2018, quando o investimento de publicidade em mídia foi de R$ 147,8 bilhões (Kantar IBOPE Media, 2019).
O negócio de mídia e de telecomunicações no Brasil, majoritariamente privado, segue formado por pouco mais de 5.000 jornais – 784 dos quais diários (ANJ, 2016). A partir de 2017 a crise econômica afetou a indústria de jornais em duas das suas principais fontes de receitas, circulação e publicitária, e “diversos jornais deixaram de circular definitivamente, reduziram o número de edições, alteraram o formato (em geral de standard para berliner) diminuíram a média de páginas por edição e se viram obrigados a promover severos ajustes em suas estruturas de custo” (ANJ, 2017).
Em março de 2022, o mercado de TV aberta era formado por 9.584 canais de TV analógica e 13 mil de TV digital, dos quais 146 emissoras eram geradoras analógicas e 633 geradoras de TV digital. O conjunto da TV aberta era constituído por 1.436 geradoras e retransmissoras de programação (Ministério das Comunicações, 2022). Os serviços de TV por assinatura iniciaram na segunda década de 2000 um período de retração, recuando de 19,6 milhões de assinantes em 2014 para 17,6 milhões de acessos em dezembro de 2018 (Anatel, 2019) e para 12,68 milhões de assinantes em setembro de 2022 (Anatel, 2022). O mercado de TV por assinatura reunia 507 operadoras, distribuídas via cabo (400), satélite (96) e micro-ondas (Mídia Dados 2021). Entre 2021-2022, 10.176 emissoras de rádio estavam no ar: 4.129 FMs, 1.115 AMs, 67 com transmissão em ondas tropicais e 59 em ondas curtas, em quadro completado por 4.746 rádios comunitárias. Completavam o quadro 59 RTRs – Retransmissoras de Rádio na Amazônia Legal (Ministério das Comunicações, 2022).
O setor de livros apresentou em 2021 queda nominal de 13,8%, um pouco melhor que o resultado de 2020 (queda de 14,7%) de vendas ao mercado. Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato nacional dos Editores de Livros (SNEL) mostram que em 2021 o setor de livros registrou faturamento de R$ 3,9 bilhões em vendas ao mercado, uma queda acumulada de 39% desde 2006 em termos reais, descontada a inflação no período (SNEL, 2022). Na área de cinema, grupos estrangeiros lideram o setor de distribuição de filmes. Em novembro de 2022, a receita no período de 11 meses de exibição de filmes foi de R$ 1,485 bilhões: R$ 1,418 bilhão correspondente a filmes estrangeiros e R$ 65,5 milhões de filmes brasileiros (ANCINE/OCA, 2022).
No setor de telefonia móvel também há predomínio de conglomerados internacionais: Claro (Grupo América Móvil), Vivo (Grupo Telefónica), TIM (Grupo Telecom Itália) e Nova Oi (do Grupo Oi, em recuperação judicial, vendido em fevereiro de 2022 para a aliança formada pelas companhias Claro, TIM e Telefónica) são os principais. Em dezembro de 2018 as quatro empresas operavam no mercado com 229 milhões de linhas móveis pessoais com acesso à infraestrutura pública e comercial de banda larga (Anatel, 2019) e 37,5 milhões de linhas fixas (Anatel, 2019).
A democratização do sistema de produção e a circulação da informação via internet agrega a esse quadro websites independentes de jornalismo (https://apublica.org/mapa-do-jornalismo/), blogs e um número crescente de títulos e de audiência on-line.
Produções
O livro com resultados do estudo comparado internacional, organizado por Eli M. Noam, foi lançado em 2016 pela Oxford University Press - Who Owns the World Media? Media Concentration and Ownership around the World. Resultados do trabalho foram publicados em português como capítulo do livro Estratégias, Economia e Administração de Empresas de Mídia e Criativas, organizado por Paulo Faustino e Sonia Virgínia Moreira (Editora Media XXI, Lisboa, 2015). O diálogo com pesquisadores e profissionais da área está reunido no eBook Indústria da Comunicação no Brasil – dinâmicas da academia e do mercado (UERJ/INTERCOM, 2015) e em artigos publicados em periódicos com resultados parciais entre 2016 e 2021.
Equipe
Sonia Virgínia Moreira - Coordenadora
Cézar Franco Martins – Pesquisador
Paulo Renato Nepomuceno Pereira – Ex-bolsista Iniciação Científica CNPq
Renato Gomes Chaves – Programador
Guilherme Alves da Silva – Colaborador
Marlen Couto – Colaborador
Agências de Fomento
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ